domingo, 28 de março de 2010

CELEBRAR O QUE?

Esta semana acompanhamos de perto o julgamento do casal Nardoni.
A conclusão do julgamento foi de culpados e a pena foi dada. Pelo decorrer do processo e de todas as informações colhidas e analisadas não ficou dúvida para a grande maioria das pessoas, da sociedade de fato.
Eu me considero satisfeito com a decisão por que creio ter sido bom para a sociedade.
Agora me pergunto se há motivos para comemorarmos, celebrarmos, ao ponto de queima de fogos.
O que há para ser comemorado em toda esta história? Uma criança foi assassinada, perdeu a vida antes mesmo de tê-la, morreu de uma maneira impensável para qualquer um que não tenha passado por isto: pelas mãos de pessoas em que ela confiava, seu pai; uma mãe perdeu a filha e continua com a dor da perda, podia-se ver em seu rosto, após o julgamento que sua dor ainda estava lá; duas pessoas terão motivos para se consumirem no remorso o resto desta vida além de terem destruído qualquer coisa que possa se encaixar na palavra sonho para eles.
Tudo bem, devemos querer que a justiça seja feita, é a maneira de mantermos a sociedade estabilizada, é fundamental para a nossa sobrevivência.
Mas onde está a felicidade a ser comemorada?
Só há sofrimento em tudo isto, não há nada para "queimar fogos".
A serenidade no rosto da mãe da Isabela não mostrava nemhum traço de celebração. Ela se disse aliviada, mas não feliz, ou alegre pela condenação.
Celebramos alegrias, felicidades.
Celebrar a dor e o sofrimento de outro, quem quer que seja, não é justiça mas vingança.
Perdoar não é "deixar para lá" esquecer que quem cometeu um crime merece punição. Não, quem cometeu um crime deve ser punido. Inventamos o estado exatamente para evitar que cada um saia por aí vingando as ofensas que crê lhe serem devidas.
Perdoar reside principalmente em não celebrar o sofrimento.