Bom, após o reconhecimento do terreno estávamos prontos para
ir a escola no dia seguinte.
As aulas começam as 9:00 horas, vão até as 12:00 com um
intervalo de 15 min, por volta das 11:00.
A Aliança divide as turmas em níveis e sub-níveis
selecionados de acordo com um teste de avaliação, que é feito pela internet no
ato da inscrição. Eles fazem questão de deixar claro que remanejamentos não são
possíveis uma vez que as turmas são montadas de acordo com o número de alunos
em cada nível.
Os níveis (sub-níveis) são: A1(N1, N2), A2(N1, N2, N3),
B1(N1, N2, N3), B2(N1, N2, N3, N4), C1(N1, N2, N3, N4), C2.
Ficamos em níveis separados, Ailton no nível A1N2 e eu no
B2N2. Cada sub-nível dura 1 mês de aulas, a passagem de um sub-nível para outro
é automática, terminou o mês, começa o nível seguinte, para passagem entre
níveis é necessário se submeter a um teste, assim o meu amigo, que começou no
último sub-nível do nível A1, logo após o primeiro mês já se submeteu a um
teste para passar para A2, eu, tendo 3 sub-níveis para terminar o nível B2 (N2,
N3, N4), só encarei teste ao término do terceiro mês, coincidindo com o fim da
nossa temporada.
Criamos o hábito de apanhar o ônibus de 8:10 e chegar na
Aliança as 8:25. Gostávamos de chegar cedo para ficarmos no salão lendo e
conversando com outros alunos. Muito legal este tempo de meia hora para
contatos com colegas.
Há na Aliança pessoas de vária nacionalidades, a campeã é a
chinesa, outras bem representadas são americana e brasileira. Tinha muito
brasileiro na época que estávamos lá.
Minha sala para o primeiro mês, onde cursei o B2N2, ficava no
quarto andar, elevador apenas para os funcionários, há necessidade de uma chave
para acionar o botão de abertura da porta de formas que só os professores e
servidores podem aciona-lo. Aluno vai de escada. No começo achei injusto mas depois,
analisando que há apenas um elevador, seria impossível atender tanta gente.
Ailton ficou no terceiro andar.
As salas são simples e funcionais, a arrumação das mesas é em estilo “ferradura”,
nenhuma aluno fica na frente de outro, o quadro na frente, projetor de
PowerPoint, sistema de som para as aulas de compreensão oral.
O nível B2N2, parte do princípio que as pessoas que lá estão
já falam francês e estão em um estágio de aprimoramento, isso faz das aulas
seções um tanto quanto cansativas, pois a ênfase é gramática. Esta foi uma das
minhas críticas na avaliação final: – “o teste que fazemos na internet de
formas nenhuma garante que quem atende as exigências do B2N2 fale francês
fluente, fiz questão de me submeter ao
teste sem estudar previamente, nem consultar livros ou dicionários durante execução
do mesmo, por isso me sento totalmente a vontade para fazer esta crítica”.
O francês que a Aliança nos ensina é de uma perfeição
acadêmica impecável, cheguei a comentar com a professora: – “as pessoas na rua
não falam assim”. Ela me respondeu, – “não mesmo, nós fazemos muitas
simplificações”. E tem mais que fazer, a estrutura da língua é muito elaborada,
consegue juntar a dificuldade dos verbos do português e dos pronomes e preposições
do inglês em uma mesma língua. Temos algumas aulas de francês coloquial e
gírias (que são muitas, inclusive com influencias do árabe) definitivamente
insuficiente.
Para termos uma ideia do que podemos ouvir de um jovem
francês, seguem alguns exemplos:
1.
Tromé para metro
2.
Keuf ou flic
para policier
3.
Mec para homme
4.
Boulot para travail
5.
Manif para manifestation
E por aí vai.
Considerando tudo, uma coisa é certa, o curso foi muito
proveitoso no sentido de aprendizagem da língua, por exemplo, assistir um telejornal
foi se tornando cada dia mais fácil, pois eles falam um francês bem mais clássico, conversar
com pessoas também, pois quando eles notam que se trata de um estrangeiro
evitam um francês excessivamente coloquial. Tentar entender 2 ou mais pessoas,
especialmente jovens, conversando em um metro, ônibus ou bar ... desista!
O curso é conduzido por mais de um professor, tem um
professor que fica com a turma durante todo o nível, e dá aulas 3 vezes por
semana, e um segundo professor, que fica com os outros 2 dias, este é
substituído sempre que se troca de sub-nível. O primeiro eu identifiquei como
“professor principal”, por mais que eles insistam que essa classificação não
existe.
Minha professora principal chamava-se Isabelle, ela não era
de Lyon, conhece muito bem os detalhes da língua francesa, fala inglês
fluentemente morou 10 anos na Escócia, que ela considera ser sua a segunda terra e
tem um conhecimento de espanhol e português suficiente para quando cometíamos algum erro ela poder dizer: – “você está pensando na sua língua, não existe
esta construção em francês”. Isabelle é o tipo de professor que tem como
prioridade absoluta ensinar, não está nem um pouco preocupada em demonstrações
tipo: – “vejam como sei francês”, o que é típico dos professores inseguros, tem
segurança suficiente para dizer – “não sei”. Sua competência ficava evidente no
desenrolar da aula, paciência e exigência adequadas completavam as suas
características didáticas.
Tivemos ainda 3 professores, um para cada mês, ficando com os
outros 2 dias da semana: Lilliane, Remy e Fabien.
A experiência de aulas na Aliança Francesa foi muito útil e
agradável, apanhar ônibus todos os dias, ter de voltar a pé quando tinha greves
ou manifestações. Todo mês tinha alguma coisa. Conversando com os professores
aprendemos que a Aliança fica no mesmo bairro, bem próximo, do prédio onde
funciona a Préfecture, que não é o
equivalente a nossa prefeitura, mas sim o representante do Governo central do
país no município. Então todas as manifestações contra o Governo se dão neste
bairro e para a avenida central por onde passam os ônibus. O interessante é que
tem hora para início e fim das manifestações.
Como é prático e agradável ser possível confiar em horários.
As aulas começam sempre na hora, assim como os transportes, e até na previsão
da falta de falta de transporte, se pode confiar.
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Minha turma, a brasileira não estava no meu último dia de aula, quando esta foto foi tirada. A professora desta foto é a Isabelle. |
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Transporte alternativo para ir a escola, ou qualquer lugar. |
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Meu diploma de conclusão! |