quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Estado...Bandido?

As sociedades há muito assinaram o chamado Contrato Social.

Este contrato existe em nome da segurança. Para o convívio em sociedade, necessário se faz a existência de uma autoridade responsável pela proteção da população e para manutenção da ordem dentro desta mesma população.

Eis a razão fundamental para a existência do Estado. Todo o resto é apenas forma de exercício deste princípio.

As pessoas abrem mão do seu direito de uso da força para garantir a sua segurança e da sua propriedade e dá ao Estado uma procuração para desempenhar este papel. Só o Estado pode usar a força, e deverá usa-la, unicamente para a proteção da população.

O Estado tem, para exercer este poder, outorgado pela população, as suas forças armadas.

Qual o cenário que temos hoje na Bahia, que já esteve em outros estados e ameaça ainda outros?

Um dos braços armados do Estado, na defesa de seus próprios interesses, não estamos analisando a legitimidade destes interesses (eu, particularmente, acho legitimo), se declara em greve, ou seja, nega a sua função fundamental de defender e proteger a população deixando-a a própria sorte para se defender como puder. Não bastasse isto ainda usa a forca que tem para ameaçar e atacar esta população.

O que o Estado está nos dizendo ao tolerar tal situação?

O que eu ouço é: Rasguei o contrato! Defenda-se você das ameaças à sua segurança, inclusive de mim.

A polícia é uma força armada do Estado, a policia é o Estado assim como a minha mão sou eu. O Estado se isentar das ações da sua força armada é semelhante mim isentar-me das ações das minhas mãos.

Uma greve como a que está ocorrendo na Bahia é uma ação do Estado que nega sua própria razão de ser.
É um covardia sem limites, uma afronta aos mais básicos princípios de ética.

Uma mulher que tenha um filho, e demande a ajuda de uma pai irresponsável que se nega, poderia ameaçar este pai batendo no filho? Baterei em nosso filho até que você resolva cumprir sua obrigações!

Esta idéia deve ser aceitável na cabeça de um Estado que permite suas forças armadas ameaçar a população para defender seus direitos, independente da legitimidade dos mesmos.

Greve em qualquer força armada do Estado, é um crime do Estado contra seu povo.

Já temos bandidos demais, não precisamos de um Estado Bandido.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Altamiro Borges: Fotos da barbárie no Pinheirinho

Altamiro Borges: Fotos da barbárie no Pinheirinho: * Fotos Roosevelt Cassio/Reuters
O Estado a serviço de quem?
Temos de uma lado famílias e suas necessidades primárias, de outro, alguém que sabemos o que sabemos e um papel chamado escritura. No meio um terreno. O Estado-Juiz, em sua decisão responde a pergunta.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

ESTUPRADOR ESTUPRADO?

Um homem aprisiona outro, dentro de uma piscina de vidro cheia de água, água pura.
Projeta esta imagem em um site, afirma que para cada pessoa que acessar o site para ver o homem na piscina, uma quantidade de ácido será adicionada a água, para cada pessoa que se desconectar mais água será adicionada diminuindo a solução.
Ou seja, quanto mais pessoas se conectarem ao site mais forte a solução ácida destruindo a pele do homem, para salvá-lo basta desconectar-se.
Ele informa também na tela do site o descritivo da experiência, a quantidade de pessoas conectadas, e o tempo que o homem tem de vida.
O número de conexões só aumenta, até a morte do homem em tremenda agonia, assistida por milhares, milhares conectados que poderiam evitar sua morte simplesmente se não olhassem. Não olhassem uma criatura humana se derretendo em ácido.
O arquiteto da inusitada situação diz ao pobre homem na piscina: não sou eu quem está te matando, é a maldade humana.
Isto não aconteceu, é um filme...ainda
Que caminho estamos tomando quando pagamos (mesmo na TV aberta pagamos por meio das propagandas) para assistir um programa que só é transmitido por que assistimos à constante violação da privacidade, intimidade e dignidade das pessoas?
Não chegamos lá, ainda, mas não estaremos no caminho da cena imaginária do filme?
Vale à pena perguntar o que nos faz sentir bem. Ver a degradação das pessoas, mesmo que seja por interesse delas mesmas no dinheiro do prêmio possível é um sentimento nascido da felicidade e bem estar? Porque dedicamos nosso tempo a um programa que já nem sabe mais o que é ético e moral.
Não é um filme pornô. Filmes deste tipo deixam claro que não são padrões de moral, parâmetro válido. Assumem sua posição. São para excitar quem assiste. São honestos.
Já o (com licença da palavra) BBB quer nos fazer crer que aquela situação é vivida por heróis e conseqüentemente um ideal de grande valor a ser buscado. Já se perderam tanto que nem sabem mais se uma determinada cena é amor ou estupro.
A GLOBO paga a um grupo de pessoas para fazerem o possível para chocar um público que adora se divertir sentindo-se indignado, e quando um dos membros faz um bom serviço é expulso por comportamento inadequado. Qual a definição de inadequado onde não se sabe a diferença entre amor e estupro? Inadequado é um programa que não sabe esta diferença. E o que é pior, a droga é tão forte e poderosa que mesmo quem não assiste não escapa de tomar conhecimento do lixo.
Na matemática tem uma regra: o produto de dois números negativos é um número positivo. Levando a regra para o caso acima teremos: inadequado do inadequado é adequado. Ou seja, estupro, e coisas do gênero, é adequado ao BBB.
Conseguimos criar esta pérola: adequação do estupro.
Pensando nisto, o estupro caracteriza-se pela não concessão de uma das partes, a concessão subentende a consciência do que está ocorrendo, ausência de consciência é não concessão.
Olhando para a violência praticada por um programa deste contra o direito de assistir qualidade, invadindo as casas com degradação, pensamos se esta transmissão pode ser considerada estupro. Por um lado não, pois quem assiste, assiste por que quer; por outro lado temos sérias dúvidas quanto ao estado de consciência da platéia ao assistir semelhante tralha, sendo assim, seria um estupro por ausêncisa de concessão.
Da mesma forma, a emissora só transmite o programa por que a platéia está lá, é a platéia estuprada que prepara o órgão de estupro, assim a platéia seria também o estuprador.
Estuprador de si próprio, seria isto a platéia do BBB?

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Do Começo Ao Começo.

Dia destes assisti o filme "Do Começo ao Fim".
A verdade é que eu gostei do filme apesar de não entender direito por que gostei.
O amor inicialmente fundamentado na proteção por um dos amantes, e no fascínio pelo outro, durante a infância, deixa em algum momento o sexo entrar na relação sem no entanto perder os fundamentos iniciais. Fascínio e proteção continuam presentes. Isto fica bem claro no diálogo pós primeira noite: "porque você me ama?".
O incrível foi Aluizio Abranches unir na tela, um tema polêmico - homossexualismo e outro abominável - incesto, sem que surgisse qualquer tipo de conflitos ou sofrimentos.
Um amigo me deu a idéia para resumir o filme: "um conto de fadas". Aí eu entendi porque todo mundo gosta.
Dois meninos filhos de uma mesma mãe, vivida por Liliam Lemertz, e pais diferentes:Jean Pierre Noher pai do mais velho; e Fábio Assunção, atual marido da mãe e pai do mais novo.
Francisco o mais velho, e Thomás se amam além de irmãos e isto fica claro no filme quando Pedro, o pai de Francisco, tem uma conversa com a mãe Julieta, mostrando sua preocupação com a intimidade dos dois, percebida durante uma temporada em sua casa na Argentina. Julieta confessa que esta aproximação também lhe preocupa.
Para Alexandre pai de Thomás, a luz aparece quando em ele repreende seu filho por mexer em algo que não deveria e Francisco parte para defendê-lo afirmando: "eu cuidarei dele para sempre".
Nenhum dos adultos faz absolutamente nada.
Sucede-se a morte de Pedro, temos então um conveniente pulo no tempo para os meninos transformados em rapazes no enterro de Julieta.
Após isto, magicamente, os apaixonados ficam sós em casa para viverem o seu amor, sob as bênçãos do único adulto restante, Alexandre.
A trama ainda tenta criar alguma dor, causada por uma separação, com a ida de Thomás para Rússia treinar natação; mas mesmo este dura tão pouco quanto o verão soviético e o filme termina em um apaixonado abraço em algum apartamento de Moscou.
O diretor não deixa que as cenas mais fortes entre os dois, quebre o conto quimérico, são bem dosadas, tanto a primeira noite amanhecendo com o diálogo "porque me amas?", quanto os quentes beijos de despedida, ao ar livre, na partida de Thomás para o frio das estepes.
João Gabriel Vasconcelos interpreta muito bem a unificação de um protetor irmão seis anos mais velho e o lado forte da paixão; Rafael Cardoso também da o seu recado na posição de caçula fascinado e amante sensível.
A Lilian..., bem, esta enche de brilho qualquer trama em que esteja.
A história dos irmãos não tem um fim, está sempre começando: na infância, na fase adulta, depois da separação, etc.
Não temos um "Do Começo ao Fim", porém um "Do Começo Ao Começo".