Um homem aprisiona outro, dentro de uma piscina de vidro cheia de água, água pura.
Projeta esta imagem em um site, afirma que para cada pessoa que acessar o site para ver o homem na piscina, uma quantidade de ácido será adicionada a água, para cada pessoa que se desconectar mais água será adicionada diminuindo a solução.
Ou seja, quanto mais pessoas se conectarem ao site mais forte a solução ácida destruindo a pele do homem, para salvá-lo basta desconectar-se.
Ele informa também na tela do site o descritivo da experiência, a quantidade de pessoas conectadas, e o tempo que o homem tem de vida.
O número de conexões só aumenta, até a morte do homem em tremenda agonia, assistida por milhares, milhares conectados que poderiam evitar sua morte simplesmente se não olhassem. Não olhassem uma criatura humana se derretendo em ácido.
O arquiteto da inusitada situação diz ao pobre homem na piscina: não sou eu quem está te matando, é a maldade humana.
Isto não aconteceu, é um filme...ainda
Que caminho estamos tomando quando pagamos (mesmo na TV aberta pagamos por meio das propagandas) para assistir um programa que só é transmitido por que assistimos à constante violação da privacidade, intimidade e dignidade das pessoas?
Não chegamos lá, ainda, mas não estaremos no caminho da cena imaginária do filme?
Vale à pena perguntar o que nos faz sentir bem. Ver a degradação das pessoas, mesmo que seja por interesse delas mesmas no dinheiro do prêmio possível é um sentimento nascido da felicidade e bem estar? Porque dedicamos nosso tempo a um programa que já nem sabe mais o que é ético e moral.
Não é um filme pornô. Filmes deste tipo deixam claro que não são padrões de moral, parâmetro válido. Assumem sua posição. São para excitar quem assiste. São honestos.
Já o (com licença da palavra) BBB quer nos fazer crer que aquela situação é vivida por heróis e conseqüentemente um ideal de grande valor a ser buscado. Já se perderam tanto que nem sabem mais se uma determinada cena é amor ou estupro.
A GLOBO paga a um grupo de pessoas para fazerem o possível para chocar um público que adora se divertir sentindo-se indignado, e quando um dos membros faz um bom serviço é expulso por comportamento inadequado. Qual a definição de inadequado onde não se sabe a diferença entre amor e estupro? Inadequado é um programa que não sabe esta diferença. E o que é pior, a droga é tão forte e poderosa que mesmo quem não assiste não escapa de tomar conhecimento do lixo.
Na matemática tem uma regra: o produto de dois números negativos é um número positivo. Levando a regra para o caso acima teremos: inadequado do inadequado é adequado. Ou seja, estupro, e coisas do gênero, é adequado ao BBB.
Conseguimos criar esta pérola: adequação do estupro.
Pensando nisto, o estupro caracteriza-se pela não concessão de uma das partes, a concessão subentende a consciência do que está ocorrendo, ausência de consciência é não concessão.
Olhando para a violência praticada por um programa deste contra o direito de assistir qualidade, invadindo as casas com degradação, pensamos se esta transmissão pode ser considerada estupro. Por um lado não, pois quem assiste, assiste por que quer; por outro lado temos sérias dúvidas quanto ao estado de consciência da platéia ao assistir semelhante tralha, sendo assim, seria um estupro por ausêncisa de concessão.
Da mesma forma, a emissora só transmite o programa por que a platéia está lá, é a platéia estuprada que prepara o órgão de estupro, assim a platéia seria também o estuprador.
Estuprador de si próprio, seria isto a platéia do BBB?
A grande platéia promove a insanidade do BBB, não fosse assim, já tinham desistido de existir. Resta perguntar para onde caminha a mente humana que alimenta esse tipo de coisa. Estamos todos insanos também?
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