segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Bonjour mon ami!



O segundo dia da minha estada em Lyon foi dedicado a arrumar algumas coisas no apartamento, especialmente no meu quarto e aguardar a chegada do meu companheiro de aventura, Ailton.


Ainda sem telefones locais, sem desbloqueio do roaming internacional para o meu celular, e Ailton na mesma situação, não tínhamos nenhuma maneira de nos comunicar, o remédio era esperar em casa.


Ailton Nascimento de Almeida e eu fomos durante muitos anos colegas na Petrobras, trabalhamos pouco tempo na mesma unidade, eu fiquei sempre na Refinaria de Mataripe e ele percorreu tantos setores da empresa que ficaria maçante listar aqui, até para Houston ele foi, depois de várias experiências vividas, inclusive escapar ileso de um furacão, voltou para o Brasil. O tempo construiu entre nós uma grande amizade, uma das mais sólidas que tenho hoje, um irmão. 


Quando me aposentei ele já estava aposentado há pouco tempo e veio logo me propor esta ideia: – Vamos passar um tempo na França? Podemos estudar francês, conhecer o país e viver a experiência de morar na Europa um tempo.


Não tive nenhuma dificuldade em aceitar tão ideal programação, começamos a desenhar um plano. Ailton sendo uma pessoa prática e literalmente fascinado (diria mesmo viciado) por viajens apresentou de imediato uma proposta perfeitamente alinhada com suas características: – Vamos escolher a cidade, viajaremos para a França, passaremos uns dias lá visitando 3 cidades e selecionaremos uma, que tal? Foi o que fizemos no mês de outubro do ano anterior, uma viajem de 15 dias para escolher para onde viajar, típico do meu amigo!


Primeira parada, evidentemente, Paris. Quem conhece Paris, sabe como é, uma cidade de sonho. Ficamos lá por 5 dias, visitamos a Alliance Française, usamos intensamente o transporte público (fizemos isto também nas outras duas cidades) e depois, bem, nos divertimos de monte: museus, bares, restaurantes, noite, tudo. Que maravilha! Paris seria perfeita se não tivesse tanto turista e ... não demandasse tantos euros.


Depois passamos 3 dias em Grenoble, uma cidade alpina, muito bonita, de fácil locomoção. É um destino muito conhecido por estudantes do mundo inteiro, tornou-se famosa para o resto das pessoas depois de abrigar em um dos seus hospitais o piloto Michael Schumacher. Tendo como uma das principais características uma celestial tranquilidade é o lugar perfeito para quem gosta de dormir cedo.


Finalmente o período de 4 dias em Lyon nos mostrou uma bela e amável cidade, cheia de vida que, sem os altos custos e agitação de Paris, e sem o excesso de paz de Grenoble, encaixava-se perfeitamente bem ao nosso objetivo. Como se não bastasse oferecer uma Alliance Française que era superior as outras 2 em localização, prédio e atendimento, Lyon tem o mais eficiente sistema de transporte público que já usei na vida. Ganhou por unanimidade: 2 votos a zero. A pré-viajem mostrou-se uma sábia decisão. - Passaremos 3 meses em Lyon! Foi a decisão.


Os próximos passos foram dados todos em frente ao computador: matricular-se na Alliance Française de Lyon, comprar as passagens e alugar um local para ficar. Os dois primeiros não incluíam muita seleção, era fundamentalmente cumprir os passos necessários de uma reserva, já o terceiro teria de ser dado com muito, muito cuidado.


Escolher um local para passar 5 dias é uma coisa, chegando lá e não gostando simplesmente pensamos: – Putz, aqui nunca mais, como aconteceu em Paris, por exemplo. 3 meses é um outro processo, bem mais cauteloso e arrependimentos serão longos. Terminou ficando comigo esta tarefa.


Optamos por utilizar o airbnb, serviço que já tínhamos utilizado na pré-viagem. Tivemos uma experiência ruim em Paris, a segunda maravilhosa em Grenoble, e finalmente em Lyon, podemos dizer, dentro das expectativas.


Vasculhei o airbnb, por vários dias, enviei mensagens para vários proprietários, até chegar ao anúncio: Bright Appartment facing Fourvière.


O airbnb não mostra o endereço exato, nem contato direto com os proprietários, até que a locação esteja confirmada. As informações que dispúnhamos eram: uma posição aproximada, as fotos e a descrição de um apartamento no terceiro andar com vista para Fourvière. A Fourviére já tínhamos visitado, então esta informação acrescentava para mim que o apartamento ficava em frente ao rio la Saône. Com ajuda do google maps e das fotos, terminei identificando a posição exata do prédio, tratava-se do número 20 do Quai Saint-Vincent. Localização perfeita.


Daí seguiram-se dezenas de mensagens trocadas com os proprietários, pedindo todas as informações que me vinham a cabeça, até uma planta eu consegui, sempre argumentando tratar-se de uma longa permanência sem margens para surpresas. Os proprietários foram extremamente pacientes e atenciosos, quando os conheci, tempo depois, descobri que a gentileza e atenção são partes da personalidade de ambos. Apresentei a seleção para Ailton e obtive aprovação sem emendas nem restrições. 


Uma vez instalados descobrimos um apartamento muito bem iluminado por luz natural, recentemente reformado e pintado, 2 quartos, cada um com um mezanino onde guardávamos nossas coisas, e ainda um terceiro mezanino maior sobre a sala grande, uma cozinha bem equipada e um banheiro completo que fugia aos padrões minúsculos da maioria das casa européias, com uma banheira onde ficava a ducha. As cadeiras, sofás e poltronas muito confortáveis, armários na sala, bom sistema de aquecimento e uma excelente conexão wi-fi. – Ufa, Graças a Deus acertamos em cheio!


Deixo aqui uma sugestão de viagem: este tipo de cuidado é muito importante no uso do airbnb, as informações do anúncio não traduzem tudo, por mais que os administradores do serviço digam que verificam todas as fotos. Sempre perguntem, perguntem tudo!


– Thomas! Era a voz do Ailton de pé em frente à figura da Madona que decorava a pesada e descascada porta cinza da entrada do edifício. Apesar da porta poder ser aberta desde o apartamento desci as escadas para recebe-lo e ajudar com as bagagens, já bastava eu ter subido 3 (=6) andares carregando 2 malas cheias de roupas das quais usei menos da metade. Ailton tinha 3 malas. Meu Deus, lição aprendida a duras penas – viajar sempre com o mínimo de coisas, não importa quão longa seja a viajem. Quando lembro que o imaginário de uma França repleta de lugares cheios de restrições me fez levar até paletó, e ainda fiz o Ailton levar também; ai, melhor nem pensar.


Terminadas as instalações e conversas tipo: – como foi a viajem? – escolhi este quarto mas se você quiser trocamos, – não, está tudo bem, – o banheiro é ali, – as luzes são aqui (aliás 3 meses não foram suficientes para memorizar o painel de interruptores), etc fomos dar uma volta pela “nossa” cidade, 2 dias depois deveríamos nos apresentar na Alliance Frainçaise.




O edifício era uma "tira" entre dois prédios maiores! Depois de um tempo descobrimos que o edifício moderno na extremidade esquerda da foto 1 (de quem olha a foto) teve vários apartamentos adquiridos pelo Olympique Lyonnais para abrigar seus jogadores. Em alguma data no passado o Juninho Pernambucano morou alí. Que chic!!!


Foto 1 Vista do outro lado de la Saône!


Foto 2 Vista a partir da calçada inferior de la Saône.
Pista onde corríamos

Foto 3 Ailton na varanda

Foto 4
Close do edifício
Foto 5 

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