sábado, 13 de novembro de 2010

Para onde vamos?

Ontem, dia 12/11 o jornalista Clóvis Rossi, em sua coluna da Folha disse que o G-20 “não fracassou”, “andou de lado”, “anestesiou a crise cambial”.

Em minha opinião, de apenas um na multidão, que não é economista, mas simplesmente um usuário e contribuinte do sistema econômico; creio que este “anestésico” ou “cortisona” como já li em outro comentário, vem de longe, a dose aumentou com a crise de 2008 e até agora estamos tomando remédios que não curam, mas apenas aliviam dores e coceiras.

A Europa vai aos trancos e barrancos enfrentando toda a espécie de protesto de seu povo que não aceita as medidas anti-crise, todas muito desconfortáveis. Portugal, já fala até em sair do EURO. O EURO, que era a solução de todos os males, está começando a se configurar como problema.

Há muito tempo li algo de Gandhi que retratava sua preocupação com o fato dos indianos entenderem que se libertar da Inglaterra daria a eles condições de viverem como os ingleses. A angústia de Gandhi era que ele defendia exatamente “não viver como os Ingleses”, ele considerava que se a Inglaterra com uma população muito menor que a da Índia precisava causar tanto estrago ao redor do mundo para manter seu modo de vida, o que dirá do mal que a Índia faria para viver do mesmo jeito.
Por que falar sobre isto? Todas as soluções que eu vejo serem apresentadas para a crise, passa sempre pelo aumento de consumo, como isto vai resolver alguma coisa se o planeta está exatamente dizendo: “parem de consumir tanto pelo amor de Deus”.

Antigamente apenas europeus (entenda-se: a oeste de Viena e a Norte de Milão) e americanos (entenda-se: ao norte do rio Grande) consumiam.

Em uma realidade onde poucos consomem e muitos fornecem, o modelo de concorrência funciona muito bem, pode-se puxar o tecido dos recursos à vontade que ela agüenta indo hora para um lado, hora para o outro, dependendo da força. Este modelo construiu a sociedade que temos.

Ora, atualmente a quantidade de pessoa e sociedades que têm acesso ao consumo aumentou dramaticamente e continua assim. A quantidade de forças para puxar o tecido é muito maior, e em várias direções. O tecido, entenda-se aí o próprio planeta, não agüenta o tranco.

Será que o caminho: aumente o consumo, seja mais competitivo ainda é uma receita?

Creio que a humanidade terá que mudar seu modelo de vida, sabe-se há muito que para curar um doente crônico não bastam os remédios, a mudança para hábitos mais saudáveis é muito mais importante, às vezes, único caminho.

E o que seria nossa mudança de hábito? Em minha opinião é sermos mais colaboradores que concorrentes, não dá mais para viver no modelo agarre o que puder, ou quem não pode dança. A quantidade de pessoas e sociedades que “podem” é grande demais para isso.
Antigamente carro era artigo de luxo que poucos tinham, em países como Índia e China muito poucos pensavam nisto. Imaginemos um dia em que cada indiano e cada chinês tenha um carro? O planeta não agüenta , mas se os americanos (somando-se agora os povos ao sul do rio Grande) e europeus (agora ultrapassando os limites de Viena e Milão) podem por que eles não?
Estamos em um momento de decisão, temos que decidir o que queremos, para onde queremos ir, de carro para o abismo ou a pé para algum lugar onde possamos viver? Precisamos de novos conceitos de "viver bem", de "conforto"; um conceito que obrigatoriamente inclua o mundo todo, não dá mais para excluir ninguém
Precisamos mudar de rota. O caminho atual inevitavelmente nos levará a guerras primeiro cambial, depois tarifária e depois...

Para onde vamos?

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