segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

ÉS FRANCESA MARSELHA?

O mês de maio de 2015 foi gentil em termos de feriados na França. A coincidência de vários feriados prolongados com o fim de semana nos deu a oportunidade de viajar para conhecer cidades próximas sem prejuízos significativos em dias de aula.

Uma destas cidades, foi Marselha, na costa do mediterrâneo. Apesar de ser mediterrânea não está incluída na charmosa Côte d'Azur, que vai desde uns poucos quilômetros antes de Saint-Tropez até a fronteira com a Itália. Uma vez que a Côte d’Azur não é uma região oficial da departamentalização do território francês, mas simplesmente uma tradição, confesso a minha dificuldade em entender porque Marselha sendo tão perto do início desta demarcação ficou de fora. Talvez seja por seu tamanho, Marselha é a segunda cidade da França e a terceira região metropolitana, a Côted’Azur é formada de   pequenas vilas; talvez por ser considerada a cidade menos francesa da França. Em Lyon aprendi que há uma frase que o resto da França usa para Marselha: la ville que a donné le dos a la France – A cidade que deu as costas para a França.

Marselha é o centro populacional mais antigo da França, foi fundada pelos gregos em 600 AC, com o nome de Massalia. Se lembrarmos que Lyon foi fundada em 200 AC, Marselha já existia a 400 anos, quase a idade do Brasil. Nasceu um grande porto, não era nada, nem grega nem romana, nem celta, era Marselha, uma cidade mundo, habitada e fequentada por todas as nacionalidade. Isso talvez explique esta suposta dificuldade que tem Marselha em se sentir francesa hoje em dia. O poder da França só veio a se estabelecer de forma estável e contínua na cidade já no fim do século XVII. O que são menos de 300 anos, em 2600 de história?

Nesses muitos anos de existência, Marselha conheceu grandes épocas, de muita riqueza, muito desenvolvimento e muitas construções.

Passamos, Ailton e eu, apenas 3 dias na cidade, o que é pouco para uma cidade tão grande. Pelo que pudemos ver e conhecer o que há de melhor na cidade é a sua região portuária, conhecida como Vieux Port! Voltando a Marselha, não ficarei em outro local.

Bom, o que há para fazer por lá? Marselha tem belíssimas igrejas, a maior chama-se Cathédrale La Major, um estilo muitíssimo árabe, belíssima! A outra, a de maior devoção, é a Basilique Notre-Dame de la Garde. Ficando no Vieux Port, vai-se passeando até a La Major, é só pegar um mapa da cidade ou no Google. Já a Notre-Dame de la Garde, fica no topo de uma colina a uma distancia razoável. Aconselho apanhar um dos ônibus abertos (tipo hop-on hop-off), todos tem ponto de partida no Vieux Port, e quando chegar na basílica, desça e fique por lá o tempo que quiser. Vale a pena dar um passeio pelo jardim ao redor, e é claro, conhecer o interior da igreja. 

Marselha tem vários museus, só visitamos um, o museu de História de Marselha. Muito bom passeio conhecer o interior com uma completa história da cidade e também o exterior onde vemos as ruínas do porto grego, também acessível passeando desde Vieux Port.

Outro atrativo de Marselha, na minha opinião o mais importante, são os passeios de barcos às pequenas ilhas que ficam próximas à costa, as saídas são todas do Vieux Port. Por isso é importante ir lá quando fizer sol. Francamente, não sei o que se faz em Marselha turisticamente no inverno.

Uma destas ilhas abriga o Château d’If. Quem leu o Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas, vai querer tirar uma foto, afinal foi nesse castelo que ele ficou preso. Pode visitar, dependendo da maré os barcos param lá, quando fomos não deu para parar, só tirei fotos navegando para as ilhas de Frioul.

As ilhas de Frioul são muito belas e interessantes, pena que quando fomos, apesar de estar sol, ainda soprava um veto frio que não permitia tirarmos a roupa para entrar n’água. Alguns jovens nativos estavam tomando banho, brrr! Há vários bares e restaurantes nas ilhas, um passeio a pé muito interessante vendo as diversas ensedadas formando praias que compõem a costa da ilha, há também aves, flores e construções para se ver! Se tivéssemos tempo e um clima propício teria programado dormir lá. Deve ser muito legal a noite naqueles barzinhos.

A cidade de Marselha oferece muitas opções para se divertir, na região do porto estão vários bares e restaurantes margeando a pista que o contorna, sente-se lá, peça algo para beber e beliscar (eles usam a expressão espanhola “tapas” para tira gosto), como há muitos imigrantes, árabes e também espanhóis, os costumes são um pouco diferente das cidades mais ao norte da França. 

Marselha oferece uma clima menos formal, mais solto. Isso tem um custo, a cidade não tem um aspecto tão limpo e organizado como as outras, passa uma ideia de relaxamento, meio largada, como dizemos aqui! E quando nos afastamos um pouco da região do Vieux Port, notamos uma sensível piora no aspecto, voltamos imediatamente! Francamente, não recomendo se afastar muito desta região, durante a noite. Quando voltei a Lyon e comentei, me disseram: – tudo que há de bom em Marselha está no Vieux Port, não adianta querer sair de lá. E o que é a região do Vieux Port? É a avenida que o contorna e mais umas 4 ou 5 quadras se afastando (as quadras são muito pequenas, isso não dá nem 1 km).

Uma excelente coisa para se fazer em Marselha, é comer frutos do mar. Existe uma sopa de peixe chamada “bouillabaisse”. Tem um sabor forte porque não vai apenas peixe, mas um monte de mariscos e outras coisas. Eu gostei!

Tem um restaurante chamado “Toinou” (diga - Tuanu), que é uma mistura de self-service e la carte, não deixe de comer lá, é simplesmente fantástica a quantidade de opções de peixes e mariscos frescos, incrível!! Fomos lá duas vezes.

Bem, isso é Marselha, indo a França no verão, considero uma excelente opção de visita, optando por passar por lá, reserve pelo menos 2 dias, se tiver bom tempo, mais um para Frioul. Não dixe de fazer o passeio de ônibus aberto e nem esqueça de jantar no Toinou.

E o mais importante: Veja quantas vezes falei em Vieux Port – não fique noutro local!!


Cathédrale La major

Jardim da Basilique Notre-Dame de la Garde

Idem

Vista da Colina da Basilique de Notre-Dame

Vista de Marselha em passeio de roda gigante
No topo da colina  está Notre-Dame de la Garde

Pequeno porto próximo ao Vieux Port

Vista a partir do Fort Saint-Jean

Fort Sain-Jean e MuCEM Museu da civilização
Européia e Mediterranea.

La bouillabaisse

Restaurante Toinou

Vista do Château d'If a partir de Marselha

Château d'If a partir do barco

Ilhas Frioul

Idem

Bar na ilha Frioul.

Região do Vieux Port.





4 comentários:

  1. Muito legal o post. Deu uma boa idéia de Marselha. Consideraria dar um pulo lá e conhecer esta cidade de tanta história, entretanto a incluiria como parte de um roteiro à Provence, afinal Aix-en-Provence fica a apenas 40 minutos de carro.

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  2. Excelente idéia esticar até Aix-en-Provence, eu não fui. Todo mundo elogia muito, e também Avignon!

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  3. Hummm...adorei o relato sobre Marseille. Mas óbvio que, se lá for um dia, irei além Vieux Port. Se sou habituado às Cajazeiras, Cosme de Farias etc, iria buscar a alma marseileuse na "banlieu" de lá...Vi muitos filmes rodados por´lá, mostrando a mistureba étnica-religiosa-social da milenar cidade. abr

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    1. Ótimo Beto, assim você escreverá um relato cobrindo essa lacuna que há aqui! KKKK!

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